Um olhar à temporada do SC Braga: copo meio cheio  

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A temporada 2020/21 deixou elevadas expectativas para aquele que seria o desempenho do SC Braga durante a época que agora finda. Para lá da presença habitual nos quatro primeiros lugares, a equipa minhota conquistou ainda a Taça de Portugal e jogou a Final da Taça da Liga. A estrutura técnica manteve-se, bem como grande parte do plantel: antes do pontapé de saída na temporada, apenas Ricardo Esgaio havia sido transferido para Sporting CP.

O primeiro jogo oficial dos arsenalistas foi contra o Sporting CP, referente à Supertaça Cândido de Oliveira. A derrota por 2-1 foi um golpe duro nos bracarenses, no encontro de despedida de Fransérigo, médio brasileiro que vinha sendo um dos pilares do plantel nas últimas temporadas. A juntar a essa contrariedade, soma-se também a grave lesão sofrida por Nuno Sequeira à 11ª jornada da Liga Bwin, que arredou o lateral esquerdo do resto da época. Em sentido contrário, nenhuma das contratações conseguiu se afirmar ao ponto de ser primeira opção.

Apesar de um começo complicado, a nível interno, a temporada do SC Braga estava desenhar-se dentro dos parâmetros habituais, mas o mês de dezembro foi fatídico. Ao dia 16, os Gverreiros do Minho foram atropelados no Estádio do Bessa, com uma derrota de 5-1 aos pés do Boavista FC, que ditou o afastamento da Taça da Liga. Apenas uma semana depois, o FC Vizela impôs novo desaire aos arsenalistas, desta vez pela margem mínima, que culminou no adeus à Taça de Portugal. Por esta altura, Carlos Carvalhal foi contestado pelos adeptos minhotos, no entanto a direção manteve sempre a confiança no técnico.

A entrada no novo ano não trouxe caras novas ao emblema bracarense, muito pelo contrário. No último dia de mercado, após a saída de Luís Diaz para o Liverpool FC, o FC Porto veio à Pedreira exercer o seu direito de preferência por Galeno. O SC Braga via-se assim privado de um dos seus jogadores mais influentes, que emprestava ao jogo uma velocidade e vertigem que nenhum outro conseguia imprimir. Face a esta situação, Rodrigo Gomes assumiu o estatuto de titular na ala esquerda, sendo que o sistema arsenalista se aproximou cada vez mais de um 3-4-3.

Estando cada vez mais desfalcado e com o Gil Vicente FC a aproximar-se na tabela classificativa, poder-se-ia pensar que o SC Braga iria rachar. No entanto, contrariando as adversidades, foi na segunda metade que os Gverreiros mostraram a sua melhor faceta ao longo da temporada, contando com o contributo decisivo de David Carmo, que regressou após longa lesão a tempo de se tornar uma das peças chave da equipa. Se na primeira volta da Liga Bwin os minhotos tinham encaixado três derrotas frente aos três grandes, na segunda volta conseguiram a proeza de vencer todos eles.

No entanto, a joia da coroa foi a campanha europeia. No play-off da Liga Europa, os bracarenses defrontaram um Sheriff que havia feiro furor na sua passagem pela Liga dos Campeões, mas que caiu aos pés do emblema nacional. Seguiu-se o poderoso AS Mónaco, formação que terminou a Ligue 1 no terceiro posto. Mais uma vez, o SC Braga impôs a sua autoridade ao vencer na Pedreira por 2-0 e empatar no Principado a uma bola. A travessia minhota apenas terminou nos quartos-de-final da prova, onde o Rangers seguiu em frente após prolongamento.

No sobro da temporada, o SC Braga limitou-se a segurar o quarto lugar, que dá acesso direto à Liga Europa e que tem sido requisito mínimo na história recente dos arsenalistas. Destaque ainda para o facto de Ricardo Horta se ter conseguido consagrar como melhor marcador da história do clube nesse mesmo período, ao chegar à marca de 93 golos.

Em suma, analisando de uma forma fria, não se pode falar de uma temporada brilhante do SC Braga do ponto de vista desportivo. Sobretudo a nível interno, dificilmente se poderia exigir a Carlos Carvalhal mais do que um quarto lugar, mas esperava-se um pouco mais nas taças. Todavia, a caminhada europeia foi meritória e acaba por dar cor à época 2021/22 dos minhotos. Jogando ainda com todas as lesões e saídas, com o facto das lacunas terem sido preenchidas por prata da casa e com a presença em grande número de jovens da formação nas fichas de jogo semana após semana, os Gverreiros do Minho e respetiva equipa técnica podem certamente fazer um balanço positivo no cômputo geral da temporada.

Fotografia: SC Braga

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