Tira daí a vírgula

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Na última crónica falei-vos da vírgula e da sua capacidade de “salvar vidas” – figurativamente, claro, uma vírgula não salva vidas, mas salva significados, logo: salva comunicações.

Hoje continuo a falar da vírgula e das regras básicas para o seu uso. Aquela regra que se me afigura como principal e a ter sempre em conta é a seguinte:

Os elementos básicos e essenciais de uma frase não devem ser separados por vírgulas.

E quais são esses elementos?

Há três elementos básicos na maioria das frases:

Sujeito – quem faz alguma coisa ou de quem se fala;

Verbo – a ação1

Complementos – a informação que completa o sentido do verbo;

Ora, estes elementos não podem nunca ser separados por vírgulas. São elementos essenciais ao sentido da frase, estando eles separados, os sentidos perdem-se.

Vejamos este caso:

A Maria disse o meu nome.  –   Esta frase não pode levar nenhuma vírgula.

“A Maria” é o sujeito, quem pratica a ação; “disse” é o verbo, a ação praticada; “o meu nome” é o complemento do verbo, responde à questão “disse o quê?”.

Podemos, no entanto, colocar uma vírgula na seguinte frase:

A Maria disse o meu nome, ontem à tarde.

A informação “ontem à tarde” não corresponde a uma informação essencial para o sentido da frase, corresponde sim a uma informação adicional e independente, tão independente que pode mudar de lugar:

Ontem à tarde, a Maria disse o meu nome.

A Maria, ontem à tarde, disse o meu nome.

A Maria disse, ontem à tarde, o meu nome.

Acho que já o disse na crónica anterior e repito-o hoje: as regras de utilização da vírgula são muitas e nem sempre fáceis de simplificar. Por esse motivo, irei ver uma a uma, sem pressas. Hoje ficamos com esta, uma das mais importantes e a mais básica, que nos indica onde NÃO colocar uma vírgula (tão importante como saber onde colocar é saber onde não colocar):

Os elementos essenciais de uma frase não devem ser separados por vírgulas.

Na próxima crónica faremos uma pausa neste tema da vírgula, que será retomado em breve. Entretanto, se tiverem sugestões de temas a abordar ou dúvidas que gostassem de ver esclarecidas nesta rubrica, enviem e-mail para helenabarreto77@gmail.com, que é a versão atual e possível de se tiverem dúvidas, levantem o braço!

1 Esta é uma explicação simplista e muito incompleta do que é o verbo, mas que uso aqui na tentativa de trazer clareza. Além disso, assumo que a identificação de um verbo seja algo fácil para a maioria. Aproveito, no entanto, para dar um exemplo que explica porque é que os verbos nem sempre são a ação: “A Maria é bonita” ou “O Manuel parece triste”. Nenhuma ação é praticada nestas frases; os verbos “ser” (é) e “parecer” (parece) são verbos que indicam um estado e não uma ação.

Texto de Helena Barreto Ferreira

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