O lado B da maternidade.

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” A minha mãe ou o meu pai é o melhor do mundo! ” é a maior mentira dita em dias especiais como o Dia da Mãe ou o dia do Pai. 

Esta frase é o meu reflexo em relação aos meus filhos de mim (mãe) e do meu marido (pai). Não é mentira que amamos os nossos filhos, incondicionalmente, mas é mentira que somos os melhores ( ou os mais perfeitos) porque é uma frase cliché dita para agradar ao Pai e à Mãe. Mea culpa.

Nunca fui a melhor Mãe do mundo pelo simples facto de estar em constante aprendizagem, principalmente no que toca a cuidar dos filhos. Fartei-me de errar. Dei o melhor de mim, mas olhando para trás poderia ter dado muito mais de mim. Podia ter sido muito melhor Mãe. Dei o meu melhor. Ou melhor, dei o que podia e sabia. Nem sempre me senti preparada para dar amor. Nem sempre os afetos estiveram presentes. Nem sempre os escutei com a devida atenção. Nem sempre estive por perto para os proteger. Nem sempre tive paciência para dar carinho. Às vezes, estava tão cansada que nem me apetecia. E muitas vezes tinha vergonha de dar afetos.

Quando fui mãe pela primeira vez… tive medo. Medo de errar, medo de fracassar e de defraudar as suas expectativas. Não estava preparada para cuidar de um menino tão querido. Foi muito desejado mas confesso que precisava de um curso intensivo para transmitir afetos.Afetos que me faltaram. Como poderia dar algo que não podia porque a minha auto-estima estava um caco. Nem gostava de mim… então como poderia dar algo que eu precisava para mim. Como? Não me estou a fazer de vítima até porque detesto esse papel. Apenas estou a constatar um facto. Fui boa cuidadora. Mas precisava de desabrochar para fora todo o amor que sentia por ele… o meu bebé. Quando tive o segundo filho… aí sim sentia-me a melhor mãe do mundo. A minha auto-estima estava no máximo e dei o melhor que sabia. Na altura já sabia muito mais.

E se tivesse o terceiro filho… tenho a certeza que daria muito mais. Um dia, na adolescência do meu filho mais velho, chamei-o ao meu quarto e tivemos AQUELA conversa tão difícil, mas necessária. Pedi-lhe perdão por ter falhado tanto com ele. Ele disse-me:”- Mãe, deixa-te de dramas porque se hoje sou o rapaz com tantos valores é porque tu me transmitiste isso. Tu e o pai cuidaram de mim conforme sabiam. E fizeram um bom trabalho. Nem sempre tiveram paciência, nem sempre estiveram presentes quando mais precisei, mas nunca me faltou amor. Aqueles raspanetes, chamadas de atenção e críticas fizeram-me crescer emocional e psicologicamente. Senti que me amam desde sempre. Vocês erraram muito, mas também souberam consertar os vossos erros quando mais fazia falta.

Quando precisei de ajuda vocês foram os primeiros a defender-me e prontificaram-se para cuidarem de mim. Aceitaram também a minha forma de viver e estar. Se eu nunca desisti (como pensei muitas vezes) é porque o vosso AMOR me salvou.”Nesse dia, a culpa desapareceu. Senti-me livre. Senti que afinal estava a ser a Mãe real (cheia de imperfeições mas com muito amor pelos filhos). Cuidar, eu tenho consciência que cuidei muito bem. Tenho consciência que tentei ensinar o que sabia para que eles crescessem com a consciência que tinham que se desenrascarem no futuro sem precisarem de pedir a outrem que lhes fritasse um ovo. Ensinei os meus filhos a cuidar da casa, a cozinhar, a fazer as compras, a cuidarem das suas roupas e até a engomar.

Ensinei tudo o que sabia. Queria que fossem independentes. Felizmente, valeu a pena. Valeu muito a pena. Atualmente, são jovens que me deixam sossegada no sentido que são muito independentes e cuidam, cada um à sua maneira, das suas vidas. Estão preparados para lidar com as questões práticas da vida. Sou uma mãe muito orgulhosa dos meus filhos pelos Homens que se estão a tornar. 
Texto: Susana Pinto

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