Mãos que bordam histórias: o valor cultural do Bordado de Crivo

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No tecer das histórias, há um legado intangível que se ergue em fios de memória e tradição. A Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, aprovada em 2003 pela UNESCO, diz-nos que o património cultural imaterial é representado por práticas, expressões, representações, conhecimento e competências que as pessoas, grupo ou comunidades identificam como algo integrante do seu património cultural, transmitido de gerações em gerações.

A essência e importância do património cultural imaterial não vive apenas na sua manifestação cultural, mas no conjunto de conhecimentos e técnicas que é transmitido ao longo das gerações.

O Bordado de Crivo de São Miguel da Carreira traz consigo anos de tradição e um incomparável requinte artesanal. Assume-se como um reconhecimento do saber fazer de Barcelos, aprovado no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, pela Direção Geral do Património Cultural.

Não se tratas apenas de um ornamento têxtil, mas de um capítulo vivo da história da freguesia e de Barcelos.

Viajando até 1886, quando uma simples toalha se transformou no testemunho da maestria das bordeiras. Mulheres que, à luz das lamparinas, desafiavam a fadiga para bordarem magia com as suas mãos, enfeitando não apenas os panos, mas também a história de um lugar.

O património imaterial é a essência das comunidades, um legado vivo que se entrelaça nas vivências e é partilhado entre gerações. É uma herança que ninguém pode usurpar, pois pertence àqueles que o mantém e o transmitem, enriquecendo a identidade e a memória coletiva de cada lugar.

Assim, celebramos não apenas o Bordado de Crivo de São Miguel da Carreira, mas, sobretudo, as mulheres bordadeiras que mantêm esta arte tão viva, tecendo não só linhas, mas também uma pequena parte da essência de Barcelos.

Artigo de: Vanessa Miranda
Mestre em Património Cultural | Guia em Lisboa

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