Ler bem, interpretar melhor
Enquanto falantes nativos da língua portuguesa, todos sabemos falar e interpretar o português. Mas ler e interpretar corretamente implica um nível de atenção que nem sempre estamos dispostos a dispensar.
Com a omnipresença das redes sociais, ler passou a ser uma atividade diária: ainda que na diagonal, ainda que só os títulos, ainda que em simultâneo com outras atividades e, também por isso, os erros de interpretação e as falhas na leitura repetem-se.
Mesmo não havendo uma regra elementar única a que recorrer para evitar más leituras e interpretações, há princípios básicos que devem ser sempre seguidos:
– Ler com calma;
– Reler se necessário;
– Ler até ao fim, sem pular partes do texto.
A imagem que acompanha este texto é uma adaptação de um meme que volta e meia reaparece nas redes sociais, apontando o erro “da atualidade” (uso aqui as aspas por achar que o erro só é da atualidade porque as redes sociais nos permitem vê-lo a acontecer, não me parece é que ele seja novidade).
Assim, deixo-vos aqui umas quantas situações tipo que dão azo a erros recorrentes, mas que com um nadinha mais de atenção seriam erros totalmente evitáveis:
Situação 1:
– Amanhã já não nos encontramos às 17h, certo?
– Não.
Com esta resposta, quem pergunta pode ser induzido em erro. A pergunta era se a afirmação “amanhã já não nos encontramos às 17h” estava certa. Se a resposta foi não, então é correto assumir que sim, que se encontram às 17h. Mas, muito provavelmente quem respondeu pretendia dizer que realmente já não se encontravam às 17h. Evitar respostas (e perguntas) que criem ambiguidade é uma excelente forma de comunicar com eficácia. E neste caso, se realmente já não se iriam encontrar às 17h, a reposta teria que ser “Certo” ou “Sim”.
Situação 2:
– Importas-te de abrir a porta?
– Sim! (e encaminha-se para porta, abrindo-a.)
A pergunta iniciou por “Importas-te”, se a pessoa não tinha qualquer problema em abrir a porta, deveria responder “não”, essa seria a resposta adequado para mostrar que “não me importo de abrir e, como tal, abro-a.
Situação 3:
– Temos a opção com risca branca ou com risca azul, qual prefere?
– Está ótimo assim.
Esta resposta não serve, por não atender à pergunta feita. A pergunta era clara: “qual prefere, com risca branca ou azul?”. A resposta teria que ir no sentido de apontar uma escolha.
Situação 4:
-Vais ao ginásio na quinta ou na sexta?
– Vou.
Esta situação é semelhante à anterior: a resposta só seria aceitável se apontasse o dia, dizer somente “vou” não responde à pergunta feita.
Volto a reforçar as regras básicas para evitar este tipo de falhas de comunicação:
– Ler com calma;
– Reler se necessário;
– Ler até ao fim, sem pular partes do texto.
Também ajuda apostar no treino da leitura: lendo livros, resolvendo exercícios de interpretação e, em última caso, recorrendo a aulas particulares de português. O treino na leitura e interpretação de textos é possível e é muito interessante.
Já sabem, se entretanto tiverem sugestões de temas a abordar ou dúvidas que gostassem de ver esclarecidas nesta rubrica, enviem e-mail para helenabarreto77@gmail.com, que é a versão atual e possível de se tiverem dúvidas, levantem o braço!
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