Dia Internacional das Pessoas Ciganas

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Desde 1971 que se comemora o Dia Internacional das Comunidades Ciganas, a 8 de abril. Foi nessa mesma data que se deu o primeiro encontro internacional de ciganos, em Orpingtion, nas redondezas de Londres. Esta data foi institucionalizada pela ONU, como “International Romani Day”, e é desde então comemorado em todo o mundo. Desta forma, o dia 8 de abril é uma ocasião para o reconhecimento da cultura, língua e história do povo cigano, além de protesto contra o preconceito, discriminação e perseguição de que as comunidades ciganas ainda são alvo.

A comunidade cigana é originária da Índia, sendo que depois de uma invasão islâmica, fugiram para o Médio Oriente e para a Europa, onde durante o período das grandes guerras, foram perseguidos devido às grandes diferenças culturais, de idioma e religião. Embora a presença dos ciganos em Portugal já remonte ao século XV, o que faz deste o povo mais antigo que adotou o nosso país como local de permanência, o conhecimento sobre esta minoria étnica é muito escasso. As primeiras notícias da presença de ciganos em Portugal, provenientes de Espanha, datam a segunda metade do século XV, por volta do ano de 1512.

Entre os séculos XVI e XIX verificaram-se várias tentativas de erradicação total ou parcial, bem como de sedentarização e integração cultural compulsiva deste grupo étnico. Só em casos restritos, os ciganos foram aceites e protegidos legalmente. Nesta época, o Governo elaborou uma extensa lista de punições contra o povo cigano, entre elas: o açoitamento em praça pública, a proibição do uso da própria língua, a proibição do uso do traje e celebração dos costumes tradicionais, a institucionalização de crianças para instrução e ainda que pouco aplicada, a pena de morte.

A cidadania portuguesa só foi atribuída aos ciganos em 1822, quando passaram a ser reconhecidos como portugueses de pleno direito. Contudo, os ciganos ainda estão longe de sentirem o verdadeiro reconhecimento e a pertença à sociedade portuguesa. A comunidade cigana é a maior minoria étnica na Europa, e também a mais discriminada e excluída socialmente, para além de ser a mais perseguida, vítima de preconceitos, discriminação e maus tratos.

A sua presença ao longo do tempo é inegável e mostra-se em várias manifestações artísticas, como a música, a pintura e a literatura, mas a perceção da sociedade sobre este grupo humano está permeada por uma série de preconceitos, influenciados pela incógnita sobre a sua origem, o seu isolamento e a pouca recetividade em aceitar outras normas de vida que não sejam as próprias. Atualmente, a comunidade cigana está a enfrentar um processo de mudança.

Por um lado, já é observável agregados familiares de etnia cigana a cumprirem a lei portuguesa e a defenderem a forma como a mesma os protege. Por outro lado, a quebra da venda ambulante empurra os seus filhos para a escola, em busca de melhores condições de vida no futuro, o que se traduz numa maior abertura aos valores e costumes da sociedade maioritária. Em Portugal, as tradições ciganas ainda estão muito vivas e para preservarem uma cultura milenar como a sua, é necessário serem unidos, por esse motivo tentam viver dentro da lei e da cultura maioritária, mas sempre defendendo os seus valores.

Créditos: Ana Barroso

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