ANA PARTYKA – UCRANIANA GUERREIRA

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Infelizmente, muito se tem falado da Ucrânia. Por motivos políticos, narcisistas e irracionais, a Ucrânia está a ser alvo de uma guerra que está a ceifar milhares de vidas inocentes. Milhares de pessoas que literalmente fugiram com uma mochila às costas.

Mas, nesta crónica não vou falar da guerra. Vou falar de uma Mulher guerreira, que nasceu na Ucrânia e conhece bem as dificuldades e a destruição que a guerra provoca. De coração despedaçado pelos seus mais queridos, teve a simpatia de me falar da sua terra natal com muito orgulho e saudade.

Ana Partyka tem atualmente 34 anos.

Conheço-a há muitos anos. Sempre a considerei muito simpática e bonita. Muito afável, desenrascada e determinada, que aprendeu a falar português.

Aos 22 anos, veio passar férias a Portugal, aproveitando para visitar uma amiga de longa data. Ana gostou tanto de Portugal que, antes da sua partida para a Ucrânia, resolveu ficar para trabalhar. Determinada e com vontade de trabalhar, rapidamente arranjou um emprego num restaurante local. O gosto pela cozinha despertou o seu sonho de um dia abrir o seu próprio restaurante.

Ana confidenciou-me que o seu caminho não foi fácil. Além das dificuldades inerentes de qualquer emigrante, também tinha a barreira linguística. Esses fatores prejudicavam-na principalmente nos momentos de stress no restaurante. Quem já trabalhou nesta área sabe que há momentos mais calmos, mas nas horas das refeições pode ser um caos. Os nervos e o stress ficam a um nível elevado. Nesses momentos, Ana fazia o seu trabalho de uma forma muito profissional, mas fartava-se de chorar, pois estava a ser muito mais difícil do que deveria, principalmente a sua relação com os seus patrões.

Um dia chatearam-na tanto que ela resolveu tirar o avental, literalmente, e procurar outro local para trabalhar.

Não foi difícil. Pouco tempo depois já estava a trabalhar noutro restaurante perto da sua casa. Uma tasca tipicamente portuguesa, que já estava aberta há muitos anos. Vontade de vencer não lhe faltava, e foi aí que conheceu o Homem que viria a ser seu marido. Namoraram, a Ana engravidou e começaram assim uma vida em comum.

A Ana gostava muito de trabalhar lá, onde organizava a cozinha, a sala e todos os preparativos para servir os clientes. Era organizada e muito trabalhadora. Para além disso, a sua simpatia e dedicação conquistaram os clientes que habitualmente frequentavam o restaurante.

Certa altura, os donos resolveram passar o negócio, e Ana, em conversa com o marido, chegou à conclusão que seria o momento ideal para comprarem o “tal” restaurante tão sonhado.   Assim, começou uma nova aventura.

Passaram 6 anos e a Ana está muito orgulhosa do sucesso que o restaurante está a ter. No restaurante é servida comida tradicionalmente portuguesa. Conseguiu ultrapassar muitas dificuldades financeiras e superou muitos desafios.

Parabéns, Ana e continuação de muito sucesso.

A guerra deixou-a com o coração apertado. Atualmente, está a ajudar os conterrâneos ucranianos a instalarem-se aqui em Portugal. Não está a ser nada fácil, mas confessou-me que os portugueses têm colaborado muito nesta fase tão difícil. No seu restaurante também vai acolher uma família ucraniana. E assim, mantém a esperança de um futuro melhor.

“Podes não mudar o mundo, mas serás um herói que mudarás a vida de quem te está próximo ou de quem de ti se aproxima.”

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