A decadência do SC Braga

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Quando foi confirmada a saída de Carlos Carvalhal e a consequente ascensão de Artur Jorge ao
cargo de treinador da equipa A do SC Braga, muitas reservas foram colocadas quanto ao
sucesso da temporada dos bracarenses.

A verdade é que os primeiros encontros calaram céticos e críticos: nove jogos, oito vitórias,
muitos e muitos golos e um futebol de atacante atrativo para qualquer apaixonado por
futebol. Ainda assim e em contraste em absoluto com esse período de maior esplendor, os
últimos cinco jogos dos Gverreiros resultaram em três derrotas (duas delas em casa, um
empate na Bélgica (depois de estar a vencer por 1-3) e uma vitória (com muita dificuldade)
frente ao Felgueiras.

A passagem do 8 ao 80 é particularmente percetível se olharmos ao caso de Simon Banza. O
avançado francês começou por apontar cinco golos nos primeiros quatro jogos, mas vai agora
num jejum de nove encontros sem conhecer o sabor do golo.

Qual foi, então, o ponto de viragem? A resposta é simples: o jogo no Estádio do Dragão.
Devido ao bom começo, surgiram várias vozes a querer colocar o SC Braga e, sobretudo, o
plantel do SC Braga, num pedestal muito mais alto do que aquele que corresponde à realidade.
Por alguns momentos, parece que todos se esqueceram que o FC Porto continua a ser uma
equipa mais forte e rotinada que os minhotos em todos os momentos do jogo.

A título de exemplo, Galeno, outrora peça chave na equipa da Pedreira, tem tido muita
dificuldade em se afirmar como primeira opção nos azuis e brancos. Os 4-1 registados a 30 de
setembro foram uma descida à realidade para os homens de Artur Jorge que, como já não
sabiam há muito o que era perder, acusaram nos jogos que se seguiram o peso de tal derrota.

E, como tudo na vida, é nos maus momentos que se sobressaem as fragilidades de uma
equipa. O SC Braga não possui um verdadeiro médio de ligação com chegada à área; o SC
Braga tem difículdade em enfrentar linhas defensivas muito recolhidas no terreno; o SC Braga
tem uma transição defensiva deficiente; o SC Braga não tem no plantel um central capaz de
colmatar a ausência de David Carmo.

Muitos são aqueles que consideram que o futebol português teria muito a ganhar se tivesse
uma equipa capaz de ombrear com os três grandes e talvez até tivesse mesmo. Os Gverreiros
são hoje, sem margem de dúvida, quem parece estar mais preparado para isso. Todavia, é
igualmente inegável que a diferença de patamares é ainda muito acentuada e que Artur Jorge
terá muito trabalho pela frente se quiser, de facto, ambicionar algo mais do que uma presença
no top-3 que, por sua vez, já seria um grande feito.

Artigo: Pedro Carvalhal
Fotografia: SC Braga

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